O auto-boicote ocorre quando nos prejudicamos em alguma área da vida, para dificultar ou impedir melhorias. É um processo inconsciente e, por isso mesmo, somos capazes de repetir esse comportamento de forma automática sem ter controlo sobre as nossas atitudes.
O Brasil não enfrenta terremotos, furacões ou tsunamis. Mas vive, diariamente, sob os escombros de escolhas políticas equivocadas, da omissão institucional e da degradação ética. O país, livre de catástrofes naturais, insiste em criar seus próprios desastres e o faz com disciplina.
Como um país sem catástrofes naturais consegue eleger todos os dias o seu próprio desastre? A resposta está nas urnas, nas redes sociais, nos palanques improvisados e nos votos justificados por raiva, medo ou fanatismo. Está na banalização da incompetência, na glorificação do populismo e na recusa em aprender com os erros.
Nossos “desastres” não são meteorológicos. São istrativos, legislativos e comportamentais. São ministros despreparados, parlamentares incendiários, governantes que atuam mais como influenciadores digitais do que como líderes públicos. São leis ignoradas, dados manipulados e verdades distorcidas.
E o mais grave: é a sociedade que sustenta esse ciclo. Seja por omissão, por desinformação ou por conveniência. A cada eleição, a cada defesa cega de figuras públicas, a cada silenciamento diante do absurdo, o país confirma sua vocação para o autoboicote.
Chegamos a um ponto em que não falta mais diagnóstico. Falta vontade de mudar. O Brasil não a mais retrocessos disfarçados de bravura, nem promessas vazias embaladas em discursos inflamados.
É hora de romper com a cultura da tragédia escolhida. O país precisa eleger o bom senso, a competência e a responsabilidade. Porque nenhum povo sobrevive, por muito tempo, ao próprio descuido.
O Brasil precisa parar de cavar o seu próprio buraco e começar a construir, com urgência, um caminho sólido e honesto para sair dele.